As pequenas e médias empresas (PMEs) podem pensar que a sustentabilidade só é relevante para as grandes empresas, mas com efeito, a partir de 2026 passam também a estar abrangidas pela nova Diretiva dos Relatórios de Sustentabilidade Corporativa.
Quer isto dizer, que as PMEs vão ter de reportar anualmente, como o modelo de negócio afeta a sua sustentabilidade, e como os fatores externos de sustentabilidade influenciam as suas atividades, respeitando a importância crescente dos critérios ESG.
Na Europa, estão registadas 23 milhões de PMEs, empregando cerca de 100 milhões de pessoas, contribuindo para mais de metade do produto interno bruto, o que significa que o crescimento económico é praticamente impossível sem a cooperação dos pequenos negócios.
Segundo a Pordata, no final de 2021 existiam em Portugal mais de 1 milhão e trezentas mil pequenas, médias e microempresas, dominando o tecido empresarial português, sendo todas elas, parte integrante desta transição para a sustentabilidade.
As metas ambiciosas estabelecidas pelas Nações Unidas, pela Comissão Europeia e as prioridades definidas pelo Estado Português para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, não podem ser alcançadas sem a transição das PMEs.
As pequenas empresas são atores chave na resposta coletiva aos desafios globais da sustentabilidade, não apenas como “alavanca” da mudança, mas também como integradores de novos modelos e práticas de negócio no mercado nacional e internacional.
Poder pensar-se que as PMEs não são impactadas no imediato pelos ESG, não significa que não se torne no curto prazo num fator determinante de políticas de compliance, pelo que, este é o momento certo para se iniciar o processo de transição para a sustentabilidade, e com ele, percorrer os diferentes passos.
O alinhamento da estratégia de sustentabilidade com a estratégia do negócio, tendo em conta os impactos positivos e negativos na cadeia de valor, a criação de uma cultura de sustentabilidade, através da sensibilização de todos para a importância da sustentabilidade, o porquê e a responsabilidade de cada um, o desenvolvimento de competências dos colaboradores face às novas necessidades da gestão, o desenho de novos processos em resposta às novas oportunidade de negócio, a regulamentação, a procura do financiamento e dos produtos financeiros disponíveis para apoiar a sustentabilidade nas empresas, são algumas das principais etapas.
O apoio às PMEs neste processo de transição, exigirá o envolvimento de vários atores do ecossistema – o estado, as instituições financeiras públicas e privadas, a academia, os reguladores e as demais entidades promotoras do desenvolvimento sustentável.
Pensar sustentabilidade para as PMEs é mais que um mero conceito, uma tendência ou um objetivo individual de cada um.
Trata-se em concreto, conduzir o negócio de forma responsável e transparente, no que diz respeito à forma como se relacionam com os problemas sociais, ambientais e económicos locais, e globais.
Tornar a sustentabilidade uma realidade, numa dimensão que marque a diferença, significa contar com as pequenas empresas.