Falar da 55+ é falar de longevidade de propósito, de inclusão social e comunitária, de valorizar às pessoas em todo o ciclo da sua vida, assim como de relações e partilha de conhecimento entre diferentes gerações. Um dos aspetos a salientar da nossa sociedade e de grande parte do mundo atual é a tendência demográfica de envelhecimento da população, não sendo exagerado afirmar de que este é um dos desafios centrais do século XXI. Nas últimas décadas do século passado, registou-se um aumento constante da população mais velha, que transformou as sociedades mais desenvolvidas em sociedades envelhecidas. Este fenómeno traz consigo desafios e oportunidades que afetam diretamente as pessoas mais velhas, as famílias e cuidadores, e a sociedade como um todo. Pode ter um impacto significativo na economia, na saúde, no bem-estar e na estrutura social de um país. Entre os principais desafios associados ao envelhecimento da população, destacamos o isolamento social. À medida que envelhecemos podemos perder o contato com amigos e familiares, e pode ser difícil participar em atividades sociais e culturais. Por isso, muitas pessoas enfrentam o risco de isolamento social que pode levar a problemas de saúde mental e física. Segundo os censos de 2011 do INE, havia um milhão e duzentos mil idosos em Portugal (19% da população) em condições de solidão e isolamento, ou seja, seis em cada dez viviam desta forma; este número aumentou ainda nos últimos censos de 2021. Para enfrentar este e outros desafios, é importante que a sociedade desenvolva políticas e programas que atendam às necessidades de todos os cidadãos e promovam a longevidade e uma visão positiva e inclusiva das pessoas na sociedade, seja qual for a sua idade. É este contexto que está na origem da 55+. A 55+ nasceu com a visão de reduzir o idadismo e contribuir para o reforço de uma sociedade que valoriza todo o ciclo da vida. Pretende melhorar a qualidade de vida das pessoas com 55 e mais anos através da promoção da sua atividade física e mental e da criação de novas relações, dando propósito à vida, enquanto se reconhece o valor da experiência e a potencial contribuição que esta tem para a sociedade.
Como é que a 55+ faz isto? A 55+ desenvolve e gere uma rede comunitária formada por pessoas com 55 e mais anos, inativas, pelo desemprego e/ou pela reforma, que disponibilizam o seu conhecimento e tempo para satisfazer necessidades expressas pela comunidade, através da realização de um conjunto de serviços de proximidade (reparações, refeições, jardinagem, aulas, entre outros). Serviços pagos, permitindo a geração de receitas próprias das pessoas 55+, e valorizando e reconhecendo valor aos seus conhecimentos e experiência. Estes serviços podem ser utilizados por particulares, empresas, instituições públicas ou sociais, o que permite que todos possamos contribuir com esta missão. Ao colocar o foco nas potencialidades das pessoas, estamos a torná-las mais fortes emocionalmente e mais capazes socialmente. Este reforço da autoimagem é refletido no fortalecimento da imagem que a comunidade e a sociedade em geral têm desta faixa etária, valorizando-a e reconhecendo o seu valor e contributos, refletindo-se na reatribuição de um papel válido e necessário, que tinha ficado “na prateleira”. Esta reatribuição é o mote para a desconstrução de conceitos e preconceitos normalmente associados à imagem das pessoas 55+. Todos nós podemos influenciar a forma em como envelhecemos, na forma como vivemos a nossa longevidade. De acordo com alguns estudos, o que mantém as pessoas saudáveis e com qualidade de vida não se prende tanto com uma dieta em baixo teor de gordura, sem glúten ou à prática de exercício físico, mas sim as componentes associadas ao relacional e à dimensão humana. Aliás, após o estudo alongado de 10 variáveis, apresentado por Pinker em 2017, demonstrou-se que o fator mais importante para favorecer uma vida duradora e saudável é a integração social: relações pessoais estreitas e interações cara a cara.
Susan Pinker: The secret to living longer may be your social life | TED Talk
Por isso é fundamental a inclusão social e comunitária, pois ajuda as pessoas a estarem e sentirem-se conectadas e a participar ativamente na sociedade, enquanto é também fundamental ser-se capaz de manter o sentido de propósito ao longo da vida, sabendo-nos úteis, sempre.
Em suma, há muitos desafios importantes no século XXI e o envelhecimento da população é certamente um desafio crucial que exige a nossa atenção e ação coletiva.
Como sociedade, temos a obrigação de garantir que as pessoas sejam capazes de envelhecer com dignidade e desfrutar de uma qualidade de vida adequada, sempre.