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O voluntariado corporativo numa microempresa de duas pessoas

Gonçalo Cavalheiro, Sócio-Gerente, CAOS – Borboletas e Sustentabilidade

4 MARÇO, 2023

A dedicação à causa comum é condição crucial para a nossa felicidade no trabalho.

Numa empresa de consultoria com dois colaboradores – os sócios-gerentes, nem vale a pena, porque é manifestamente impossível, tentar distinguir entre o voluntariado pessoal e o voluntariado corporativo. Nem sequer o dia e a hora em que é feito serve para distinguir: se fazemos voluntariado durante a semana, temos que compensar com trabalho à noite ou ao fim de semana. O trabalho tem de ser feito, porque a fonte de receitas, ainda por cima numa empresa de consultoria, como a nossa, é única e muito simples: horas de trabalho.

Assim, na CAOS, a equação é simples e evidente: cada hora de voluntariado ou representa um perda de rendimento ou implica uma noite mais curta ou um domingo de manhã ao computador. Desengane-se quem pensa que a equação possa ser outra. O voluntariado corporativo tem, no nosso caso, um custo mais parecido com o voluntariado pessoal, em que as horas dedicados aos outros são retiradas à vida familiar ou ao descanso.

Para nós, é também evidente o seguinte: a dedicação à causa comum é condição crucial para a nossa felicidade no trabalho. Temos a sorte de estar numa área de negócio em que o nosso impacto poderá contribuir para o bem comum (luta contra as alterações climáticas). Assim acreditamos.

No entanto, desde o primeiro dia da nossa empresa que temos dedicado algum do nosso tempo ou à causa associativa (no GRACE – Empresas Responsáveis) ou à comunidade, sempre numa lógica de colocarmos o nosso tempo e o nosso conhecimento ao serviço da construção de um mundo melhor, seja no nosso quilómetro quadrado (iniciativa Vizinhos do Bairro Económico de Queluz) ou no mundo (apoio à construção de um centro de recuperação de tartarugas em Cabo Verde).

Atualmente, tendo mudado a sede e as operações da Grande Lisboa para uma pequena aldeia no concelho de Torres Novas – o Alcorriol, o voluntariado da CAOS assenta agora, em três grandes eixos:

  • Apoio ao desenvolvimento da aldeia
  • Promoção e apoio à captação de iniciativas relacionadas com a sustentabilidade e a luta contra as alterações climáticas para Torres Novas, em conjugação, em particular com os agentes da autarquia
  • Construir uma rede de agentes para a sustentabilidade na região.


Estes três grandes eixos de atuação são suportados por dois grandes recursos da CAOS e um terceiro quase inexpressivo. Os dois primeiros recursos que a CAOS coloca ao serviço da sua intervenção na comunidade é o conhecimento e a rede de contactos angariados ao longo dos mais de 20 anos de trabalho dos seus sócios. O segundo recurso é tempo que, juntamente com o conhecimento é, literalmente, a única coisa que uma empresa de consultoria tem para dar… e para vender. O terceiro recurso, é o apoio financeiro direto que, sendo, diminuto tendo em conta o tamanho e o volume de negócios de uma empresa como a nossa, é ainda assim necessário em algumas situações para que o conhecimento e o tempo possam ser aproveitados mais eficazmente.

É por sermos uma empresa tão pequena que damos tanto valor ao terceiro eixo da nossa atuação na comunidade: a criação de uma rede de agentes, a criação de parcerias que nos ajudem a multiplicar o nosso impacto na comunidade.

É muito o trabalho e os esforços que temos pela frente, mas é também igualmente elevado o empenho e o entusiasmo com que não dizemos não aos bons desafios que se nos colocam!