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Nenhum homem é uma ilha

Carla Leitão Joaquim, Advogada na CLJ Legal e Responsável da Área de Assessoria Jurídica da Rede do Empresário

20 MARÇO, 2024

O networking empresarial é sobre começar a construir laços e continuar a nutrir conexões.

A afirmação que titula estas breves reflexões parece, num primeiro relance e tanto mais num mundo globalizado, bastante óbvia. E se assim é, também os empresários não são ilhas, tal como as empresas não serão arquipélagos de múltiplas ilhotas.

Todavia, se focarmos o periscópio no oceano empresarial Português, talvez devamos reponderar a preliminar evidência:

  • em 2022, 99,9% das empresas Portuguesas eram PME (empregando 78% do capital humano), das quais 96,1% eram microempresas com menos de 10 trabalhadores;
  • no mesmo ano, do total de 1.453.728 empresas então existentes, 66% configuravam-se como empresários e apenas um terço estava organizada sob a forma societária.
 

O Portugal empresarial é (e é-o há, pelo menos, 20 anos, segundo a Pordata) um vasto mar de micro ilhéus, muitas pequenas ilhas e alguns poucos arquipélagos.

É neste contexto ilhático que o business e o corporate networking são (evidentemente) valiosos tesouros. Sem anglicismos e em bom Português, não há hoje como não trabalhar em rede – empresários e empresas.

E se o propósito mais óbvio do networking é angariar clientes e alavancar oportunidades de negócio – será, antes de mais, por / para isso, que trocamos cartões – não serão de descurar as valiosas possibilidades (talvez menos claras, num olhar apressado) de ampliar preciosos conhecimentos tantas vezes gratuitamente oferecidos, aproveitar recursos de que as PME não dispõem e identificar parceiros disponíveis e alinhados para embarcar numa jornada comum.

Tal como nos epopeicos descobrimentos, 99,9% das nossas empresas continuarão a navegar em embarcações pequenas demais para a viagem de circum-navegação que pretendem empreender – os fundos serão sempre curtos, as equipas fazem-se de gente dos sete ofícios e até o conhecimento (de marketing, de leis ou de gestão, de contas e pessoas) ou simplesmente o tempo disponível será, tantas vezes, poucochinho.

Trabalhar em rede é, também por tudo isto, um admirável mundo (talvez ainda novo) que urge descobrir. As conexões, nas redes sociais ou feitas de carne e osso, podem ser mesmo a fórmula para dobrar o Cabo da Boa Esperança – acompanhar as tendências do sector, aprender com especialistas que sabem do que falam, trocar os recursos que temos por aqueles de que precisamos, repensar a estratégia do “sempre fiz assim” e, em parceria, ousarmos crescer para além do nosso micro umbigo.

O networking empresarial é sobre começar a construir laços e continuar a nutrir conexões. É sobre viver em comunidade e servir para ser servido. É, afinal de contas, simplesmente, sobre sermos humanidade em busca do sonho.

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