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As duas melhores ferramentas para a sua próxima Negociação

Valter Alcoforado Barreira, Head of Business Development Wonest, Coach em Negociação e Business Networking

1 SETEMBRO, 2023

Existe uma abordagem eficaz para ajudar os executivos a gerirem a complexidade e o conflito de forma a conseguirem negociações bem-sucedidas

O atual mundo colaborativo de negócios aumentou a necessidade e frequência de negociação com múltiplos stakeholders, quer externos, quer internos às organizações.

Navegar nesta rede de diferentes interesses e operadores é muito desafiante, até para os negociadores mais experientes. Existe, no entanto, uma abordagem eficaz para ajudar os executivos a gerirem a complexidade e o conflito de forma a conseguirem negociações bem-sucedidas.

Dependendo de quem é, poderá encontrar-se numa negociação empresarial, relativa, por exemplo, a vendas, compras, aquisições, parcerias, questões laborais e sindicais, relações com outras unidades de negócio ou sobre orçamentos a afetar. Talvez esteja envolvido numa negociação Política ou Diplomáticas, sobre temas como acordos, captação de investimentos ou até conflitos. Ou a negociação se enquadro na esfera pessoal, como a decisão de aquisição de habitação, opções de férias ou mesmo aspetos relacionados com divórcio e regulação de poderes parentais. Qualquer que seja o caso, provavelmente depara-se com dificuldades que não são fáceis de ultrapassar.

Estas dificuldades materializam-se frequentemente em situações concretas das quais, os seguintes depoimentos, são só meros exemplos já ouvidos na vida real por profissionais que participam em negociações:

  • Não tenho tempo para preparar suficientemente as negociações;
  • Investi bastante tempo, mas no fim, percebi que estava mal preparado;
  • Chegámos a acordo rapidamente sobre uma solução, mas penso que haveria melhores;
  • Fiz um acordo que nunca foi implementado;
  • Ainda hoje não entendo o que é que a outra parte, realmente, queria;
  • Aceitei a proposta, não tive alternativa;
  • Estava pouco confortável e à vontade;
  • Senti demasiada responsabilidade sobre mim;
  • Acho que fui demasiado brando;
  • Tenho dificuldade de negociar com pessoas com um perfil diametralmente diferente do meu;
  • Detesto negociar com pessoas de quem não gosto;
  • Senti que fui esmagado por um bully;
  • Não consigo comunicar com o meu interlocutor;
  • Prefiro não negociar com amigos pois, temo que estrague o nosso relacionamento;
  • Na minha empresa a avaliação das negociações é um pouco arbitrária: parece que, independentemente dos meus bons resultados, nunca é suficiente o que consigo – não sou reconhecido;
  • Tenho dificuldades em saber se e quando devo abandonar a negociação;
  • Não sei se devo aceitar algo inferior às minhas expetativas e objetivos, sem me sentir mal com isso;
  • Tenho dificuldade em explicar porque é que aceitei este acordo, ou porque é que rejeitei um outro ou porque é que a outra parte o rejeitou;
  • O meu interlocutor quer chegar a acordo, mas não consegue explicar ou justificar as suas razões aos seus superiores e restantes constituintes;
  • Não conhecia toda a extensão do acordo e as suas implicações nas outras áreas da empresa;
  • Fomos para a Negociação sem todos os participantes saberem exatamente qual o objetivo dessa ronda;
  • Não consegui implementar o que considerava um bom acordo;
  • Era para ser apenas uma conversa, mas tornou-se uma negociação e eu não estava preparado;
  • No fim da Negociação fiquei com uma sensação de insatisfação e até de mau estar;

Se se reviu em algumas destas dificuldades anteriores ou se lhe fizeram recordar outras pelas quais já passou, tenho duas boas notícias para si:

  • 1ª boa notícia: existe uma forma melhor de preparar e conduzir uma negociação – um método de negociação eficaz que lida com estas dificuldades;
  • 2ª boa notícia: existe alguém que o pode ajudar


1º O que é que este método pode fazer por si:

Existe um método, o de Negociação de Harvard, com 7 fases, a saber, Preparação, Abertura, Exploração, Apresentação, Clarificação, Acordo, Avaliação e Controlo que cobrem todo o processo de negociação.

Destas, destaco a primeira, a fase de Preparação por ser a mais importante e a mais negligenciada de todas. Regista-se inclusivamente um fenómeno entre a experiência e a falta de preparação: quanto mais experiência se tem, paradoxalmente, maior o risco de adotar uma abordagem repetida, que não considera suficientemente as especificidades de cada negociação.

Em negociações eficazes, o tempo investido na fase de Preparação é superior ao tempo que dura negociação face-a-face. Ainda assim, uma boa Preparação, na realidade, poupa tempo. Por exemplo, se não se investir tempo a realizar um bom diagnóstico, pode-se vir a perder mais tempo em elementos da negociação menos relevantes e perder utilidade no esforço despendido. Em contraste com esta situação, um método apropriado é mais eficiente e  torna-se especialmente relevante para aquelas pessoas e situações para as quais o tempo é escasso.

Vejamos somente algumas diferenças de abordagem à fase de Preparação entre a prática mais comum e um método de negociação eficaz:

Prática mais comum

Método de Negociação Eficaz

Tem uma Posição definida: o que se quer (exigências) e quanto se está disposto a ceder (concessões)

Foca-se nos reais interesses das partes, sendo flexível nas posições.

Define os objetivos da seguinte forma: otimista, pessimista e realista, frequentemente, de forma arbitrária

Considera um leque criativo de possibilidade e objetivos, diretamente ligados com realidade e alternativas exequíveis

Faz exigências

Cria opções e argumentos convincentes

Cede concessões sob pressão

Planeia as concessões e contrapartidas

Tem uma abordagem igual para qualquer tipo de negociação

Diferencia a abordagem e tempo dedicado conforme as negociações sejam triviais, correntes ou complexas (múltiplos interesses, vários participantes e que exijam muito esforço)

Mistura pessoas e problemas

Lida separadamente com os aspetos substanciais e pessoais

Desperdiça tempo

Otimiza o tempo investido. Prioriza o que foi identificado como mais importante na fase de análise.

Privilegia uma abordagem ad-lib

Suporta-se numa abordagem sistemática

Segue a lógica de dividir o valor inicial em cima da mesa de negociações com as regras de um jogo de resultado nulo: o que ele ganha eu perco e vice-versa

Procura um resultado ponderado com ganhos para as duas partes e também uma terceira (ex. organização, sociedade).

Investe esforços na criação de valor: 1 + 1 é maior ou diferente de 2, através de soluções criativas que criam mais valor para todos, antes de o dividirem.

As suas implicações e resultados podem ser uma negociação limitada, um relação pior do que antes da negociação e o ressentimento das partes

Satisfaz os interesses de ambas as partes

Mantém ou melhora a relação inicial

Cria uma boa reputação de negociador

Este método de negociação eficaz, através uma abordagem sistemática, não deixa escapar nenhum dos sete elementos da negociação que preconiza e quanto melhor trabalha estes elementos maior a probabilidade de sucesso da negociação.

Os sete componentes da negociação eficaz pelo método de Harvard são os Interesses, as Opções, as Alternativas, a Legitimidade, a Comunicação, o Relacionamento e o Compromisso.  Para os conhecer em mais detalhe pode ver o webinar que fiz para os associados da AERLIS, Negociar com Sucesso: 7 Elementos da Negociação.

 

2ª O que alguém pode fazer por si?

Existe alguém que o pode ajudar, um coach ou consultor de negociação. Este profissional reúne as condições técnicas e de comunicação para apoiar negociadores especialistas ou iniciantes a diagnosticar, preparar e acompanhar a negociação nas seguintes fases:

  • Desenhar o mapa da negociação: compreender e abarcar o problema;
  • Preparação da Negociação;
  • Negociação propriamente dita;
  • Suporte à decisão de acordo ou retirada (para outro lugar melhor);


Poderá assim ajudar os profissionais a melhor os seus resultados, especificamente, suportando-os no desempenho dos seguintes papeis e na realização das seguintes tarefas:

  • Diagnosticar a negociação e priorizar os aspetos e elementos mais importantes nos quais se deverá focar o trabalho da fase de preparação;
  • Servir como “espelho” e dar feedack na fase de preparação e treino;
  • Acompanhar as outras seis fases da negociação (Abertura, Exploração, Apresentação, Clarificação, Acordo e Avaliação/Controlo.)
  • Acrescentar a sua experiência pessoal à equipa de negociação;
  • Atuar como observador e ouvinte;


Dar formação on job e transferir know-how;

  • Propor alterações resultantes da evolução durante a Negociação (ex. identificar que os tópicos principais mudaram)
  • Preparar alternativas
  • Ser um parceiro confidencial de discussão e um thinking partner
  • Proceder à revisão da negociação (ex. O que correu bem? O que correu mal? O Acordo foi legítimo? O que podemos melhorar na próxima negociação?)


Não digo que esta equipa Método/Coach/Negociador seja infalível, mas, constitui uma aliança coesa de vontades e know-how que maximiza as possibilidades de sucesso em qualquer negociação.

Afirmo-o com conhecimento de causa pois, já usei o método inúmeras vezes, tanto em negociações próprias, como no papel de coach de negociação nas quais assessorei executivos a prepararem e executarem negociações complexas, com elevado grau de sucesso.