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Missão Valorização e Desenvolvimento do Interior

Mário Borges, CEO na MB Up

18 ABRIL, 2023

Pensar o Interior e na sua Sustentabilidade Organizacional.

Uma pequena nota prévia, está a entrar no nosso léxico que não é interior, mas sim territórios de baixa densidade, mas como vamos poder verificar mais à frente neste artigo, em pouco tempo, se nada acontecer, todo o território nacional será de baixa densidade, por isso permitam-me que continue a falar do interior.

Em novembro do ano passado, tive a oportunidade de assistir ao encontro “Valorização do Interior e dos Territórios de Fronteira no Horizonte 2030” no Fundão a convite da então sua excelência Secretária de Estado da Valorização do Interior Prof.a Dr.a Isabel Ferreira, atualmente Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.

Foi muito interessante a partilha de conhecimento e de informação de todos os intervenientes. Esta partilha fez-me colocar, para mim próprio, as seguintes questões – o que é pensar o interior? O que podemos nós, enquanto comunidade integrante, fazer pela valorização do interior?

Pensar o interior é pensar na demografia, nos desníveis, na competitividade, na diversidade económica e cultural, nos recursos, no território, nas oportunidades e nos desafios que todos estes temas representam. É pensar em rede utilizando a inteligência coletiva em prole da região envolvendo a comunidade e valorizar os ativos territoriais.

A Prof.a Dr.a Isabel Ferreira falou em três palavras-chaves: Diagnóstico; Estratégia; Recursos e Atores, para responder às oportunidades e desafios que vamos enfrentar nos próximos anos.

O Grupo de Trabalho da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT) evidenciou os desafios demográficos, tecnológicos e ambientais.

O Prof. Eduardo Castro proferiu a necessidade a nível nacional de cerca 60.000 pessoas por ano para combater a necessidade de mão-de-obra face ao declínio demográfico que vamos ter nos próximos anos.

A Prof.a Teresa Sá Marques falou-nos da inquietação que todos devemos ter na transformação tecnológica, das alterações e desafios que os territórios vão enfrentar, como podemos valorizar os ativos territoriais e a importância da inteligência coletiva. Acrescento a preocupação do baixo nível de literacia digital dos nossos empresários para o desafio da transição digital.

O Dr. Duarte Rodrigues evidenciou que as estratégicas de desenvolvimento regionais sejam realistas com as necessidades e critérios de desenvolvimento regional e não realizadas à medida dos critérios de aprovação dos programas de financiamento, ou seja, os programas de financiamento são um dos veículos para atingir um determinado propósito (estratégia).

Saliento a necessidade de consciencialização da importância dos planos estratégicos que todos os empresários devem desenvolver e colocar em prática.

A Prof.a Anabela Dinis abordou a importância da gestão das aldeias na cultural, no turismo e a nível social, com enfase à coragem de perceber que nem todas as aldeias vão sobreviver e temos que fazer essa gestão (opções). Como referiu a Sua Excelência Ministra da Coesão Territorial Prof.a Dr.a Ana Abrunhosa, atualmente todos os intervenientes têm de ser capazes de fazer a gestão do declínio, ou seja, a coragem para tomar decisões.

Como podemos verificar os desafios são enormes, a estes desafios temos de acrescentar outros como a sustentabilidade organizacional, o desenvolvimento tecnológico nomeadamente a AI. E nesta era da sustentabilidade e da tecnologia, vamos ainda juntar ainda outro desafio, a necessidade paralela de cativar pessoas para as profissões ditas tradicionais que o mercado vai precisar. Falo de pedreiros, canalizadores, serralheiros, mecânicos, etc… Talvez seja este o maior desafio de toda a comunidade, como fazer este equilibro e responder ás necessidades do mercado.

Os empresários terão de estar preparados para fazerem o seu caminho e superar cada obstáculo que vão encontrar para ultrapassar todos estes desafios. As instituições de ensino terão de reinventar e equilibrar as necessidades formativas entre a tecnologia e a tradição. Cada vez mais o envolvimento de toda a comunidade e o trabalho em rede nunca foi tão importante como agora.

Nunca se falou tanto em fundos comunitários, da sua execução e da sua importância para o desenvolvimento do território nacional como agora, por isso, aos decisores públicos e privados, cabe o designo de compreender o diagnóstico e elaborar um plano estratégico focado em cada região que possa responder às necessidades da sua comunidade e que sejam executados em rede e cooperação territorial.

A sustentabilidade organizacional para o território é um bom exemplo disso.

A Sustentabilidade organizacional, num todo, é um conjunto de valores ambientais, sociais, económicos e de gestão que todas as empresas devem praticar com responsabilidade e ética profissional.

Com a diretiva relativa ao relato de sustentabilidade das empresas (Corporate Sustainability Reporting Directive ou CSRD, Diretiva (UE) 2022/2464), confirma-se o que já algum tempos estávamos à espera. Por estarem integradas na cadeia de valor, todas as PME vão ter de explicar os seus impactos da sustentabilidade. Como esclarece a notícia do site do IAPMEI (IAPMEI – ESG – Relato de Sustentabilidade). Este grande desafio pode ser uma grande oportunidade para todas as regiões do interior.

A sustentabilidade é um dos pilares para o desenvolvimento das organizações, logo, para o desenvolvimento e valorização do interior. Na construção deste pilar as organizações devem de criar um plano de pequenas ações com desenvolvimento sustentado (Gestão Estratégica para a Sustentabilidade – GES). Será o conjunto destas pequenas ações que podem gerar um efeito borboleta, que permita fazer “muito pouco”, mas o “muito pouco” fazer a grande diferença no caminho da sustentabilidade organizacional.

Quanto maior for a diversidade económica das regiões do interior, maior será a sua sustentabilidade organizacional. A cooperação entre entidades, empresas e regiões é essencial para atrair investimento e diversificar a economia. A diversificação da economia vai permitir valorizar a sua cultura e os seus produtos e dar continuação a todas as tradições e costumes da região.

Depende de nós sermos cooperantes, sermos unidos, sermos capazes de criar pontes e consensos, quer entre empresas quer entre regiões, ou seja, mudar a nossa atitude.

O que nós podemos fazer pelo interior é trabalhar em rede e compreender todos os atores da região e colaborar com eles com ações interativas. É promover os ativos territoriais de forma a atrair investimento, diversificar a economia e captar o interesse das pessoas para a sua fixação, venham de onde de vierem. Cabe a cada um de nós fazer acontecer, seja pela nossa atividade profissional, seja por ações de cidadania junto das comunidades locais.

Fazer acontecer é criar as oportunidades para o desenvolvimento e valorização do interior, por isso, vamos fazer acontecer!