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Colaboração na saúde mental

Afonso Borga, Empreendedor Social e BSN Board Advisor

22 MARÇO, 2023

Uma área em que a colaboração é vital, pois envolve o esforço e partilha de organizações de vários sectores e um grande esforço de sensibilização e comunicação perante um tema ainda tabu.

Vivemos hoje tempos exigentes, num contexto marcado por dificuldades geradas pela guerra, inflação, escassez de recursos, com inúmeras consequências a curto prazo, nomeadamente o da sobrevivência de muitos projetos e organizações sociais, com modelos de sustentabilidade mais frágeis.

Num universo tão grande e diverso de organizações como o que existe em Portugal, é comum verificar-se a existência simultânea de vários projetos a decorrer no mesmo terreno e por vezes para os mesmos grupos-alvo. Dado este facto, existe o risco desta multiplicidade de intervenções fazer com que as atividades dos diferentes projetos muitas vezes se sobreponham ou até anulem.

A este nível, a operacionalização das políticas e programas de intervenção social, nacional e internacional, que deveriam operar mudanças positivas dentro da sociedade, acabam por apresentar ineficácia em termos de resultados, emergindo a imprescindível necessidade de uma maior colaboração e partilha de recursos.

A questão da coordenação e colaboração tem, assim, particular relevância no trabalho para a sustentabilidade. Uma melhor coordenação revela-se crucial para superar as consequências negativas da designada “fragmentação da ajuda”, como também para uma melhor gestão dos recursos disponíveis, assim como para o aprofundamento e desenvolvimento de determinados projetos.  

Um dos exemplos que aqui destaco está relacionado com a saúde mental, uma área que tem vindo a ganhar destaque nos últimos tempos, em parte devido à pandemia, e que necessita de um forte investimento e atenção. Esta é, assim, uma área em que a colaboração é vital, pois envolve o esforço e partilha de organizações de vários sectores e um grande esforço de sensibilização e comunicação perante um tema ainda tabu. Neste sentido A Associação Sobre Viver depois do Suicídio e a Ordem dos Psicólogos Portugueses colaboraram no desenvolvimento de um Guia de Prevenção de Suicídio e Apoio ao Sobrevivente.

Através deste trabalho foi possível a produção de um documento de grande valor, fornecendo informação prática sobre prevenção do suicídio e o que cada um pode fazer para identificar e apoiar alguém que possa a estar por uma situação desse género. A colaboração permitiu a partilha de perspectivas e experiências, conjugando a experiência prática da Associação, no apoio a sobreviventes (pessoas que perderam alguém para o suicídio), com o conhecimento técnico da Ordem, com vista a um objectivo comum. Um exemplo de como a colaboração podem também acontecer na produção e disseminação de conhecimento.